Por quê é que adoecemos?


Naturalmente ninguém quer ficar doente. Olhamos para as doenças como algo que antagoniza com o nosso organismo, com a nossa vida. As doenças são algo que consideramos como o inimigo que tem de ser erradicado, apagado, esquecido. Isto é devido a que o que chamamos doença, ou seja, os sintomas que nos incomodam: dores, inflamações, disfunções de apetite, sono, sexo; estados de ânimo negativos, alergias, limitações funcionais devido a quaisquer motivos fisiológicos, etc., são algo que traz sofrimento. E o sofrimento é, frequentemente, algo com o que é difícil de lidar, preferimos lutar contra ele ou fazer qualquer coisa para apagar o sofrimento.

O que não vemos é que se não tivéssemos a capacidade de adoecer, não conseguíamos de facto sobreviver; se uma criança não sentisse o sofrimento da fome, não choraria; se não aprendesse que o calor pode queimar, não retirava a mão duma superfície quente imediatamente; se não sentíssemos dor cada vez que nos magoamos, a nossa integridade física estaria comprometida…

Os sintomas no geral são manifestações naturais e normais do nosso organismo que expressa uma tentativa de recuperar o equilíbrio fisiológico, psíquico, ou emocional que por algum motivo se encontra comprometido.

Visto desta maneira, a doebalanced_rock_562114nça não é um inimigo, os sintomas são um sinal de alerta a nos chamar a atenção para algo tão importante dentro da nossa vida, como é o equilíbrio do nosso relacionamento com o nosso entorno, com tudo o que nos rodeia; desde o mais básico como é a nossa relação com o nosso corpo, com os alimentos, com a temperatura ou com o meio ambiente, até com os aspectos mais complexos e mais humanos como são o nosso relacionamento psíquico e emocional com nós próprios, com os nossos seres queridos, e com a sociedade onde nos desenvolvemos e onde desenvolvemos as nossas actividades mais significativas.

Não é fácil manter equilíbrio físico, mental e emocional na nossa vida. Temos que desenvolver consciência clara dos diferentes aspectos que integram o nosso desenvolvimento como seres humanos que progredimos para atingir maturidade física, mental e espiritual; mas como já vimos, o processo de desenvolver consciência clara das coisas pode doer, pode trazer sofrimento, e é ali que o nosso sistema natural de defesa, o dinamismo sábio integrado no nosso organismo, joga um papel inelutável: ou vai, ou racha.

Quando racha aparecem os sintomas. Quando o mecanismo de defesa do nosso organismo não consegue adaptar-se ao fluxo dos acontecimentos da nossa existência física ou psíquica, começa a trazer disfunções como podem ser por exemplo, uma dor de garganta quando ficamos muito no frio, ou uma dor de cabeça quando ficamos sob stress, ou poderá aparecer irritabilidade, ansiedade ou até depressão quando perdemos o equilíbrio no desenvolvimento do nosso ser mais interno.

Então, é o mecanismo natural de defesa do nosso organismo quem nos traz a possibilidade de encontrar o centro, o equilíbrio do nosso desenvolvimento integral físico, mental e emocional quando nos indica com uma variedade infinita de sintomas que algo está fora de função, que algo não esta bem no nosso organismo, e que é o nosso dever ouvir tal sabedoria natural, e ajudar em sincronia o esforço que o nosso organismo faz para tentar recuperar o equilíbrio.

Em resumo, adoecemos porque estamos vivos e precisamos manter-nos vivos. A doença é parte do processo natural de desenvolvimento do modelo biológico que somos. A doença não é o inimigo, de facto, a doença é o nosso melhor aliado no processo de crescer física, mental e espiritualmente. Se queremos actuar medicamente em sintonia com o sistema natural de defesa do organismo, temos que compreender o dinamismo que cria os sintomas, e actuar de maneira semelhante a esse esforço.
Quando o esforço médico que usamos para tentar curar, é semelhante ao esforço do mecanismo vital de defesa do organismo, estamos então a praticar Homeopatia.